Floresta fragmentada prejudica regeneração de araucárias

((o))eco - http://www.oeco.org.br/ - 27/06/2017
Em pequenos remanescentes de florestas, sobram poucas sementes para a regeneração de araucárias. Animais importantes para a dispersão de sementes acabam consumindo quase tudo o que coletam, e poucas sobram enterradas no chão para germinar, crescer e se tornar árvores adultas. No fim das contas, em fragmentos, a regeneração dos pinhais é em média quatro vezes menor do que em grandes áreas.

Esta é uma das conclusões do biólogo Carlos Brocardo, que concluiu o doutorado na Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro (SP), em junho deste ano. Em dois trabalhos diferentes, ele comparou a riqueza de mamíferos e a regeneração de araucárias em uma região de 180 mil hectares do Parque Nacional de Iguaçu, uma das maiores áreas contínuas que ainda abrigam pinhais.

Brocardo lembra que a araucária depende de animais dispersores, como cotias, serelepes (esquilos) e gralhas-picaça, que estocam sementes no chão. Cerca de 1% dessas sementes acabam germinando e dando origem a novas árvores. Em fragmentos da floresta, o corte seletivo de araucárias reduziu a densidade da espécie e, com isso, a disponibilidade de sementes.

"Como em fragmentos têm uma quantidade muito baixa de sementes, porque tem uma população baixa de adultos, os animais acabam comendo quase toda semente que eles estocam", explica o doutor em zoologia. "Em fragmentos de até 50 hectares, essa regeneração foi muito baixa", completa.

A fragmentação tem impacto também sobre a diversidade de mamíferos nas florestas com araucária. Apesar dos fragmentos em conjunto apresentarem uma grande proporção de espécies de médio e grande porte (93% das espécies), o número de indivíduos de espécies maiores, como antas, porcos-do-mato e pacas por área diminui. Além da perda de habitat, essa redução se deve, na avaliação de Brocardo, à vulnerabilidade destas áreas à caça ilegal.

As florestas com araucária (Floresta Ombrófila Mista) já cobriram mais de 200 mil quilômetros quadrados (20 milhões de hectares), desde o norte da Argentina até os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Hoje, está reduzida a menos de 10% da área original, principalmente em fragmentos com menos de 100 hectares. O estudo contou com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, CNPq e Fapesp.



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