Flona comemora 64 anos de existência e modifica objetivos

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 10/10/2008
A Floresta Nacional de Três Barras, em Santa Catarina, completou este mês 64 anos. Criada em 1944 pelo então Instituto Nacional do Pinho com o objetivo de servir de área para plantação da araucária (pinheiro brasileiro) e como forma de prevenção contra a ameaça, na época, de uma crise no setor madeireiro, a unidade de conservação comemora suas seis décadas de existência com uma profunda reformulação nos seus objetivos.

Em processo de readequação para atender às normas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a Flona Três Barras terá entre suas principais finalidades, a de servir de local para uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e de pesquisas científicas, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

Para isso, a equipe do ICMBio atuante na unidade, juntamente com os representantes das comunidades existentes e diretamente ligadas à floresta, está em processo final de revisão do plano de manejo, elaborado dez anos antes da edição do SNUC e, ao mesmo tempo, busca consolidar a gestão participativa no conselho consultivo, o qual conta com a participação de 30 entidades (governamentais e não governamentais) e se reúne a cada seis meses.

Iniciada em 2005, a revisão do plano de manejo é produto de uma parceria firmada entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Contestado (UnC), Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (Fafi - União da Vitória/PR), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S. A (Epagri), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a organização não governamental Assessoria em Projetos de Agricultura Alternativa (AS-PTA).

Dentre as principais modificações já introduzidas no novo plano de manejo, destacam-se a recuperação de cerca de 1.200 hectares de área plantada com espécies exóticas, as quais eram formadas por antigos campos de várzea, ou seja, área de preservação permanente, e a mudança de objetivo que, agora, vai ter como enfoque a experiência no manejo e uso sustentável da floresta com araucária e o envolvimento das populações do entorno em projetos a serem desenvolvidos na unidade de conservação.

Atualmente, a exploração da floresta nativa e as atividades de florestas plantadas estão paralisadas até que o plano de manejo seja concluído. No entanto, ocorrem pesquisas relacionadas à fauna (estudos com felinos, aracnídeos e primatas) e à flora (araucária, caraguatá, erva-mate, cobertura vegetal nativa e reflorestamentos). A flona abriga ainda duas parcelas do Inventário Florestal de Santa Catarina, realizado pela Fundação Universidade de Blumenau (Furb) em parceria com a Epagri, a UFSC e outras instituições.

Na unidade, há cerca de seis nascentes mapeadas, um rio (Jangadinha) que nasce em seu interior e quatro lagoas marginais ao rio Canoinhas. De acordo com o chefe da flona, Carlos José da Silva, o principal problema detectado na unidade é o combate à dispersão do pinus, além do desmatamento da floresta nativa e sua substituição por plantios de pinus e de eucaliptos, uma vez que há uma grande demanda regional por esse tipo de matéria-prima.
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