AMBIENTE
Estado pode perder 120 mil hectares de terras cultiváveis com ampliação do Grande Sertão Veredas; governo é contra
Parque maior reduz área agrícola na BA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
A Bahia corre o risco de perder 120 mil hectares de sua fronteira agrícola na região oeste do Estado para possibilitar a ampliação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, cujo decreto já foi assinado pelo governo federal.
A decisão de aumentar a área de preservação ambiental do parque provocou críticas do governo baiano e dos investidores da região, que ameaçam recorrer à Justiça para barrar o projeto.
"A definição da área do parque acarretou uma verdadeira excrescência, que foi a separação de uma parte do extremo sudoeste do restante do Estado", disse o governador Paulo Souto.De acordo com o projeto do governo federal, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, que conta com 84 mil hectares em Minas Gerais, vai ganhar mais 150 mil hectares -120 mil na Bahia.O traçado do parque, apresentado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), revela que a nova área vai englobar principalmente propriedades localizadas em Cocos, Coribe e Jaborandi, cidades a mais de 1.000 km de Salvador."Com a ampliação do parque, o governo federal vai matar todos os investimentos que estão sendo realizados na região", disse o professor universitário Eduardo Palmério, proprietário de 13 mil hectares em Cocos. Em sua fazenda, Palmério e três arrendatários têm 4,5 milhões de pés de café.Palmério disse que os fazendeiros da região vão ingressar com uma ação na Justiça para tentar impedir a expansão do parque. "O governo está olhando apenas a questão ambiental. Nós queremos também que o governo dê atenção especial às questões sociais e econômicas, pois o Brasil é um país em desenvolvimento e precisa gerar emprego e renda."O secretário da Agricultura da Bahia, Pedro Barbosa de Deus, disse que "a área que será desapropriada para preservação integral é uma das mais promissoras em desenvolvimento agrícola da atualidade. São terras com excelentes condições de solo, de clima e de topografia, com atividade produtiva em franca expansão".No oeste da Bahia, as cidades de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério concentram a produção agrícola; Cocos, ao sul das três, é a nova área de expansão dessa fronteira agrícola.Sócio de uma empresa que tem 21 mil hectares em Cocos, Walter Martinho diz que os fazendeiros não foram consultados pelo Ibama. "O que o órgão fez foi dar um prazo de apenas 15 dias para receber sugestões e comentários pela internet, uma mídia que tem pouca ou quase nenhuma penetração no meio rural."Ibama diz que fez estudoO coordenador da unidade de conservação do Ibama, Ivan Baptiston, disse que o interesse do governo é proteger a nação. "É claro que vamos descontentar algumas pessoas, mas não temos outra alternativa. O parque será ampliado para proteger muitas nascentes, o ambiente e a sociedade."Baptiston disse que as críticas do governo baiano e de alguns fazendeiros são exageradas. "Nós realizamos um estudo minucioso. Dizer que a ampliação do parque vai matar uma região agrícola é um grande exagero."
FSP, 22/06/2004, p.
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